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Experimentos realizados pelo economistas comportamentais Dan Ariely e Aaron Nichols sugerem que as decisões de poupança dos trabalhadores são influenciadas pela maneira como eles são pagos. Por exemplo, num desses experimentos, participantes expostos a um cenário de pagamento por hora trabalhada pouparam menos, em média, do que aqueles que foram apresentados com um cenário de compensação em termos anuais.

Esses resultados mostram que o imediatismo financeiro é provavelmente exacerbado entre aqueles que trabalham por hora ou que calculam a compensação por seu trabalho em intervalos curtos de tempo, por exemplo, dia ou semana.

Outro estudo recente realizado pelo economista Jeffrey Butler sugere que os níveis de pagamento afetam substancialmente a confiança humana na própria habilidade em relação às habilidades dos pares. A iniquidade pode se autoperpetuar porque o nível atual de compensação pelo trabalho afeta a motivação humana para competir no futuro próximo. No experimento, os pesquisadores deram pagamentos desiguais pela realização de uma tarefa idêntica mas que dependia da capacidade cognitiva (e.g. memória, habilidade numérica, fluência escrita e verbal).

Os resultados mostram que o nível de compensação afeta consistentemente e substancialmente a confiança nas habilidades, mas não a produtividade. Porém, segundo as visões mais convencionais em Economia dos Recursos Humanos, o nível de pagamento deveria afetar primordialmente a performance.

Esse fenômeno é explicado pelo viés do “mundo justo”, o qual representa a tendência humana a atribuir consequências a uma força universal, por exemplo, o destino ou uma divina providência, que restauram o equilíbrio moral em casos de tratamentos desiguais. Essa crença é bastante comum em pessoas que buscam explicar seus fracassos ao assumir que os merecem ou que não poderiam fazer nada para mudá-los.

Bernardo Nunes
Twitter: @_bernardofn


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