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Varun Gauri, chefe da Global Insights Initiative (GINI) e economista sênior do Banco Mundial, fala sobre como todos nós falhamos na tomada de decisão e de como superar esse problema em políticas públicas para melhorar a vida dos mais desfavorecidos

O Capítulo 10 do World Development Report apresenta e discute vieses de profissionais na área do desenvolvimento. Em que medida essa discussão traz subsídios para as perspectivas e desafios da abordagem comportamental?

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Varun Gauri, Economista-Sênior do World Bank e co-diretor World Development Report 2015: Mind, Society, and Behaviour

Todos nós temos vieses. Especialistas, formuladores de políticas e profissionais do desenvolvimento estão sujeitos aos mesmos vieses, baseiam-se em atalhos mentais (heurísticas) e sofrem influências sociais e culturais como todo mundo. Por exemplo, pediu-se a funcionários do Banco Mundial que resolvessem um problema quantitativo.

Um grupo recebeu a tarefa de avaliar o quanto um creme para a pele era eficaz para reduzir irritações. Outro grupo recebeu um problema quantitativo idêntico, mas teve de usá-lo no contexto de avaliar a eficácia de uma lei de salário mínimo na redução da pobreza. Os funcionários acharam mais fácil resolver o problema que foi proposto no contexto de avaliar a irritação na pele. Os vieses e as crenças não questionadas dos formuladores de políticas também diferem substancialmente daqueles encontrados entre as populações de baixa renda para quem eles elaboram programas.

Para superar essas limitações muito naturais pode ser preciso tomar de empréstimo e adaptar métodos de outras áreas. A prática apelidada de “dog-fooding” na indústria de tecnologia, por exemplo, consiste em fazer os empregados usarem um produto da empresa para que possam vivenciar tudo o que ele traz ao usuário, descobrir suas falhas e, assim, eliminá-las antes que o produto seja lançado no mercado.

Os formuladores de políticas poderiam tentar inscrever-se em seus próprios programas ou acessar os serviços existentes para diagnosticarem os problemas por experiência própria. Analogamente, a prática militar conhecida como red-teaming poderia ajudar a detectar pontos fracos nas concepções iniciais dos programas. No red-teaming, um grupo de fora é trazido para questionar os planos, procedimentos, capacidades e suposições de um esquema operacional, com o objetivo de vê-lo da perspectiva de possíveis parceiros ou inimigos.


Este post é parte da entrevista de Varun Gauri para o Guia de Economia Comportamental e Experimental, primeiro guia da área no Brasil e que será lançado na próxima semana. Acompanhe aqui os próximos posts da série e fique por dentro das ideias das maiores autoridades em Behavioral Economics do mundo.


Leia a entrevista completa no Guia de Economia Comportamental e Experimental a partir da página 272.


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