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Meu primeiro contato com a área de Economia Comportamental foi através dos livros do Prof. Dan Ariely – Predictably Irrational (Previsivelmente Irracional) e The Upside of Irrationality (Positivamente Irracional).

Já não sei dizer o que me atraiu para os livros, talvez o título ou, possivelmente, a curiosidade.
Dos livros para acompanhar o blog do autor foi um pulo natural. Sim, eu descobri que não era tão racional quanto achava e queria aprender mais.

Através do blog, soube no ano passado que o Prof. Ariely, ou Dan, como seus alunos o chamam, estaria ministrando um curso online gratuito na plataforma Coursera – “A Beginner’s Guide to Irrational Behavior”.

Que oportunidade! Eu seria absolutamente irracional se não aproveitasse!

Quando contava para os amigos que estava fazendo um curso sobre Economia Comportamental eles arregalavam os olhos – “O que é isso?” me perguntavam.

A explicação mais simples que eu podia dar é que Economia Comportamental é um cruzamento de Economia e Psicologia, o que influencia e motiva nossas decisões.

Os olhos arregalavam ainda mais – “E o que isso tem a ver com a sua área?” (eu sou analista de sistemas).

O fato é que o curso não é, necessariamente, para especialistas nessas áreas, mas extremamente informativo para profissionais de ambas e para o público em geral.

É um resumo dos livros e palestras do Prof. Ariely e experimentos conduzidos por ele e outros especialistas ao longo dos anos.

Demonstra como alguns de nossos hábitos não fazem o menor sentido, ou seja, são irracionais, reagimos sem pensar. O curso aborda temas como Finanças, Honestidade (e desonestidade), Auto-controle, Relações de Trabalho e Emoções.

O que aprendemos através da exposição sobre os experimentos pode ser aplicado no dia-a-dia, como exercitar o auto-controle, controlar melhor as finanças, melhorar as relações de trabalho, etc. Nos dois últimos anos, atraiu quase 250 mil alunos do mundo inteiro.

Nem todos fazem todas as atividades do curso, que não é fácil, como talvez possa parecer. Alguns apenas assistem às aulas e leem os trabalhos acadêmicos recomendados. Outros também fazem os testes de múltipla-escolha ao final de cada módulo. Um pequena parcela de alunos (alguns milhares) também apresenta trabalhos escritos.

Neste último ano, quase 6 mil alunos conseguiram auferir um certificado, dentre eles 718 com distinção.

Pode parecer um número pequeno, mas é preciso considerar que todas as tarefas são em inglês o que não é tão simples para muitos alunos internacionais.

Neste ano as aulas tinham legendas em português o que contribuiu para que tivéssemos um grande número de alunos do Brasil e Portugal. Infelizmente, não tenho os números de conclusão segmentados por país.

Entretanto, mesmo sem realizar todas as tarefas e obter um certificado, a mera exposição às aulas já contribui para que muitos alunos passem a utilizar alguns dos ensinamentos.

Ao final do curso, os alunos são convidados a relatar sus histórias sobre como o curso influenciou suas vidas.

A primeira coisa que muitos alunos relatam é que passaram a pensar melhor e considerar alternativas em vista das muitas inclinações naturais que todos temos (a tal da irracionalidade!).

Aversão à perda, substituição de recompensas, custo de oportunidade, procrastinação, arquitetura de decisões e como defaults podem influenciar nossas escolhas são alguns dos conceitos aprendidos e mencionados pelos alunos.

Pais e mães de crianças pequenas realizam suas próprias versões do Teste do Marshmallow pois experimentos relatam que crianças com deficiência no auto-controle podem resultar em toda sorte de problemas, incluindo maiores taxas de uso de drogas e criminalidade em geral. Portanto, se o filho não passou no teste, é bom começar cedo a educá-lo nesse sentido.
E os relatos não se aplicam somente a vida pessoal como também a profissional.

Os que trabalham na área de saúde ou humanas percebem melhores formas de ajudar a melhorar o auto-controle e minimizar a procrastinação.

Aqueles que gerenciam outras pessoas passam a utilizar conceitos aprendidos para obter melhores resultados e aumentar o nível de satisfação dos funcionários.

São tantas histórias interessantes que não haveria espaço para mencionar todas.

Um traço, entretanto, é comum em quase todas. O desejo de continuar aprendendo sobre o assunto e utilizar os recursos aprendidos.

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